data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Cpers (Divulgação)
Em assembleia realizada na tarde desta terça, em Porto Alegre, os professores da rede estadual optaram por encerrar a greve iniciada em 18 de novembro do ano passado. Foram 725 votos pelo fim da paralisação contra 539 pela continuidade da mobilização. A proposta aprovada pela maioria inclui a exigência do pagamento dos dias parados e a construção de uma nova mobilização contra o projeto Reforma RS, que tramita na Assembleia Legislativa.
A decisão dos professores, porém, não foi rápida, tampouco unânime. Foram mais de duas horas de deliberações. Em diversos momentos, professores criticaram o posicionamento da direção do Cpers frente à situação em que se encontra a categoria - 49 meses de salários parcelados e descontos dos salários dos grevistas.
A mobilização dos professores, aliás, não foi coesa desde o início das paralisações. Em Santa Maria, muitos docentes sequer aderiram à greve. Nos 58 dias parados, apenas duas das 40 escolas da rede estadual existentes na cidade pararam totalmente as atividades. Porém, a paralisação atingiu um total de 26 instituições - a maioria com greve parcial.
A deliberação aprovada pela maioria inclui a exigência do pagamento dos dias parados e a construção de um calendário de mobilização para derrotar o projeto Reforma RS, que tramita na Assembleia Legislativa.
RECUPERAÇÃO
O calendário de recuperação das aulas deverá ser definido pelas direções de cada escola. A partir de hoje, as instituições de ensino montam sua proposta para ser encaminhada para a 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE).
Em Santa Maria, a escola Marieta D'Ambrosio, que estava em greve parcial, já retomou as atividades. Outras instituições de ensino na região que haviam aderido à greve também estão com aulas.
Em dezembro, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação, emitiu o memorando circular nº 22/2019, distribuído para as CREs. O documento contém orientações sobre a elaboração do calendário de reposição das aulas nas escolas estaduais. O documento tem o objetivo de garantir aos estudantes o direito de, no mínimo, 200 dias letivos e assegurar a carga horária de 800 horas para o Ensino Fundamental e 1.000 horas para o Ensino Médio.
MOBILIZAÇÃO CONTOU COM APOIO DE ESTUDANTES, SERVIDORES E COMUNIDADE
Uma das características desta greve foi o apoio de outros segmentos, como estudantes, pais, servidores e comunidade. Em Santa Maria, foram realizadas caminhadas, marcha luminosa e campanhas com o objetivo de chamar a atenção para a situação não só dos professores, como da escola pública.
Durante toda a assembleia, muitos professores se manifestaram destacando o apoio de diversos segmentos da comunidade e a importância dos atos para valorizar a categoria e a escola pública.
No encerramento dos debates e da votação de ontem, a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer destacou que o fim da greve é, também, um ato de respeito à comunidade.
- Voltamos à sala de aula para preservar o salário da categoria e pelo compromisso com estudantes e a comunidade escolar. Ao contrário de Eduardo Leite, nós temos responsabilidade com nossos alunos - afirmou.
Uma das ações realizadas em Santa Maria no período da greve, no início de dezembro, foi a caminhada organizada pelos alunos da Escola Estadual Edson Figueiredo. Mais de 200 estudantes, com o apoio de professores, funcionários e pais, participaram do ato, que reforçou o apelo à situação estrutural das escolas públicas. Os protestos também ocorreram em cidades como Restinga Sêca, Caçapava do Sul e São Sepé. Nesses locais, as aulas também voltam nos próximos dias.